Experiência própria: diálogos com um taxista

Estava eu em Belo Horizonte, logo após ter feito o concurso para professor adjunto da UFMG. Sem saber para onde ir, chamei um taxi e pedi para o taxista me levar a um restaurante mineiro típico. No meio do caminho, o taxista começou a puxar conversa e viu pelo meu sotaque que eu não era dali.

--- Ah, você tá em Belo Horizonte a passeio?, ele perguntou.
--- Não, eu vim para prestar o concurso para professor adjunto da federal.
--- Ah, então a faculdade deve estar cheia, né. Deve ter uns mil candidatos.

Fiquei um pouco intrigado, tentando imaginar mil doutores brasileiros em robótica. Então respondi:

--- Não, na verdade eram apenas eu e mais outro.
--- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Ele então limpou as lágrimas, e finalmente pude acrescentar:

--- Em geral, são poucos candidatos que participam desses concursos porque os requisitos são bem elevados, além do concurso ser pra uma área bem específica.
--- Ah, entendi! Deve ser difícil mesmo. Tem que falar inglês, né?

Após um breve silêncio, eu respondi:

--- Sim, todo mundo que faz esse tipo de concurso fala inglês, mas o mais importante é que precisa ter doutorado na área.
--- Ah, então tem que ter feito faculdade, né?
--- ...
--- Mas me diga uma coisa, onde você fez essa sua faculdade de doutorado?
--- Na França --- respondi.
--- Ah, então lá você tinha que falar inglês, né?
--- Sim, eu falava inglês com o pessoal do laboratório, mas a língua oficial é o francês, então no dia-a-dia eu falava francês.
--- Ah, mas francês é parecido com inglês, né?

E então eu mudei de assunto.

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