Continuação: Caso de plágio na ciência brasileira


Opa Rogério, valeu pelo post, muito bom. Tenho alguns comentários em relação a alguns pontos específicos:

"Absolutamente TODAS pessoas que fazem pesquisa atualmente (nas engenharias) entendem este sistema e se conformaram a ele."

Bem, conheço pessoas que não se conformaram a esse sistema e tampouco o seguem, principalmente entre aqueles que realizam pesquisa básica e teórica dentro das engenharias. Talvez porque eles sejam menos dependentes em relação à necessidade de financiamentos.

"Na minha (encore, limitada) concepcao, politicas de restricao do numero de autores, pesar a relevancia da publicacao pelo seu fator de impacto, tudo isso me parece muito similar ao congelamento de precos e corte no numero de zeros da moeda"

Bem, se por um lado eu consegui enxergar a similaridade entre a restrição de número de autores e congelamento de preços, confesso que não entendi a similaridade entre métricas de relevância dos artigos científicos (seja pelo fator de impacto ou qualquer outra coisa) com as outras medidas paliativas que você mencionou.

Na minha opinião, métricas são utilizadas em praticamente todos os campos da engenharia. Acho que até hoje não li nenhum artigo que não tenha usado algum tipo de métrica. Nem por isso dizemos que esses artigos utilizam "medidas paliativas".

Claro que achar uma boa métrica é por si só um grande desafio, e as ações a serem tomadas a partir da sua medição também não é algo trivial. Talvez aí seja a necessidade do lastro que você mencionou e que eu concordo plenamente.

O maior problema de ponderar os artigos pelo fator de impacto é que este é determinado por fatores político-científicos que não necessariamente refletem a relevância científica dos artigos publicados, como em casos em que o fator de impacto é aumentado simplesmente porque a revista é popstar, ou porque os autores que nela publicam são popstar, ou ainda, porque tópico da revista é quente. Contudo, apesar das distorções, uma publicação em revista de alto-impacto mostra uma *tendência* da produção ter uma qualidade maior.

Limitar o número de autores fere a liberdade científica dos autores, e eu concordo que seja uma medida tosca. Por outro lado, sou totalmente a favor de dividir a produção científica pelo número de autores. Isso tem a *tendência* de coibir abusos do tipo coautoria de cortesia. Além disso, um trabalho com mais coautores (assumindo que todos tenham uma participação efetiva) têm uma maior *tendência* de terem uma maior qualidade, podendo ter um maior impacto.

O fato de existirem métricas não significa que elas serão perfeitas. Eventualmente elas criarão outros problemas, e a comunidade científica deverá discutir novamente as soluções para estes novos problemas. Afinal, este é o ciclo da pesquisa científica descrito por Popper: problemas -> conjecturas (tentativa de solução) -> teste da solução -> problemas -> ...


"Wall Street temos as pessoas mais inteligentes do planeta. Nao importa qual a regra do jogo, havera sempre alguem que tentara contorna-las."

Isso é fato, principalmente enquanto utilizarmos métricas não robustas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Programando PIC em Linux: Ferramentas

História de pescador